Veio-me à cabeça, de uma maneira tão forte, três arquétipos dos signos de Terra. Pode parecer uma forçação de barra, mas como Blog não é Escritura, faço o que manda o coração - o caroço da minha essência.
Ouvi um sermão na minha paróquia sobre Marta e Maria - as duas irmãs de Lázaro. Neste sermão o Rev. Carlos Alberto as comparou à formiga e à cigarra. Fiquei aqui a imaginar se a cigarra poderia se comportar como formiga se quisesse, ou se a formiga poderia escolher ter uma vida de cigarra. Mas penso nisso mais tarde. Foi a imagem clássica que me veio à mente:
Lucas 10:30-42
- Ora, quando iam de caminho, entrou Jesus numa aldeia; e certa mulher, por nome Marta, o recebeu em sua casa.
- Tinha esta uma irmã chamada Maria, a qual, sentando-se aos pés do Senhor, ouvia a sua palavra.
- Marta, porém, andava preocupada com muito serviço; e aproximando-se, disse: Senhor, não se te dá que minha irmã me tenha deixado a servir sozinha? Dize-lhe, pois, que me ajude.
- Respondeu-lhe o Senhor: Marta, Marta, estás ansiosa e perturbada com muitas coisas;
- entretanto poucas são necessárias, ou mesmo uma só; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada.
Peraí, deixa eu explicar uma coisa que o Pastor explicou antes de continuar. No Oriente, receber alguém em casa é algo sério. Se sua hospitalidade falhar, você é menos cidadão, menos gente. Mas eu não preciso dizer que, se hoje em dia tem muito lugar no Oriente em que lugar de mulher é na cozinha, imagine naquela época!
Marta não está errada, não! Como bom arquétipo de Virgem (que assim me pareceu) vai fazendo o que é preciso e próprio. Não convém largar o serviço e servir menos justamente a Jesus e seus discípulos. Maria, não. Ela senta, ela fica aos pés de Jesus para se deliciar com algo único. A palavra de Deus dita por seu próprio filho - o evangelho - os ensinamentos causariam tanto alvoroço que suas mudanças não teriam um fim, mas apenas um começo na morte daquele homem. Para aproveitar cada palavra não adiantava pegar a colher e bater os ovos enquanto escutava de banda os ensinamentos do Mestre. Ela sentou num lugar e ficou. Virgem pode conseguir muita coisa, mas é Touro quem presta atenção no que é pra fazer. Ela desfruta na hora, pois depois pode ser tarde demais. É na simplicidade dela que reside sua sabedoria. "É Jesus, na minha casa. Não adianta tentar preparar o maior banquete do mundo ao homem que multiplica pães e peixes. O que ele pede é para quem tem ouvidos para ouvir, que ouça. Deixa-me ouvir."
Obra de Vincenzo Campi. Só Virgem para dar conta de tanto trabalho - mas existe um momento em que não é esta a tarefa mais importante. Perdida em peixes (que simbolizam o cristianismo que está rolando lá atrás) e patos, Marta perde o ensinamento mais raro e mais uma vez, como boa virginiana, não vê a floresta, com os olhos perdidos nas árvores.Bem sabemos que um mundo de Marias nos levaria à fome, mas há que se ter noção do objetivo final do trabalho. Ele não se alimenta em si mesmo. E chega ao estágio maior na figura de Jesus. Quando a mesma maluca Maria derramou um bálsamo nos cabelos de Jesus, ele avisou que era uma preparação para seu sepultamento. O final, o objetivo de seu trabalho estava chegando. Mas ele, sabendo o que o esperava, não tinha medo - ou tinha?
"Agora a minha alma está perturbada; e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas para isto vim a esta hora".
O trabalho dignifica o homem, enriquece o homem, mas em certos momentos ele pede sacrifícios. Em certos momentos ele é a única recompensa. Em certos momentos é o amor pelo trabalho e só. É aí que ele sobe para a categoria de ministério. Aí entra uma compreensão capricorniana de quem passou pela fase Virgem e de quem prestou atenção na fase Touro. Não é fácil, mas faz a maior diferença - não para quem trabalha, mas para quem desfruta de uma excelência assim. Onde é que está o ganho nisso? Não sei. Ainda sou muito Maria e ainda tenho que aprender a ser Marta. Só dá pra ver isso quem consegue ver a floresta inteira, sem se perder nas árvores.
.jpg)
