domingo, 28 de dezembro de 2008

A Velha Nova Era

No primeiro dia de Primavera, o chamado Equinócio, a constelação de Peixes desponta no horizonte. Como o próprio universo também tem sua rotação, nem sempre a mesma constelação aparecerá no Equinócio ao final do ciclo de 365 dias do ano terrestre. As constelações também obedecem a um ciclo e se revezam em nosso céu. Segundo cálculos recentes, cada ciclo tem um período de 2.160 anos. Antes da constelação de Peixes era a constelação de Áries que despontava, e após o tempo de Peixes terminar, será a constelação de Aquário a aparecer no horizonte durante o Equinócio de primavera. Este período de 2.160 anos é chamado o período de uma Era.

O Cálculo das Eras

As Eras seguem uma ordem inversa à ordem do círculo Zodiacal. Quando a constelação de Peixes passou a despontar no Equinócio reiniciou-se um ciclo de 25.920 anos, até o fim da próxima Era de Áries. Este processo era tido até recentemente como uma descoberta do grego Hipparchus de Nicaea no ano 130 a.C. – Porém estudos recentes já comprovam que os egípcios já tinham consciência do ritmo dos Equinócios desde a Era de Gêmeos, que terminou cerca de 6.140 anos a.C. Isto faz sentido, pois os egípcios começavam seu ano no solstício de Verão, quando a constelação de Orion despontava e as enchentes no Nilo tinham início.


Os egípcios jamais ignoraram a influência das estrelas em nosso planeta e seu conhecimento sobre estrelas, planetas e ciclos de tempo é superior ao que temos ainda nos dias de hoje. Schwaller de Lubicz decodificou o Zodíaco de Dendera, no templo de Hathor, como sendo na verdade um relógio que media os Equinócios. Segundo este relógio que contém dados desde a Era de Touro (4380 anos Ac) até a Era de Aquário. A Era de Peixes teria começado em 60 a.C. e terminaria por volta de 2100 d.C. quando começaria a Era de Aquário.


Nebulosa de Hélix. Restos de uma estrela na constelação de Aquário.

Fazendo-se um apanhado sobre o que a história nos conta da virada de um ciclo para o outro, a Era de Peixes coincidiu com o início da Era Cristã. Esta que compreende desde as profecias da primeira vinda do Messias e seu nascimento, até os dias de hoje, quando não é raro ouvir-se profecias sobre a sua volta. O símbolo do cristianismo é um peixe. Não se sabe se isto é apenas coincidência ou se os cristãos tinham noção da Era em que estavam. Afinal o povo judeu já havia sido escravizado pelo Egito, que detinha todo este conhecimento sobre as constelações. Mas ao que se sabe o calendário judeu é bem diferente do egípcio e não determina influências do Zodíaco. Tampouco a relação entre judeus e egípcios foi das mais amenas.


A Era de Aquário e a Nova Ordem Mundial

Não é à toa que ao alvorecer da Era de Aquário (que só deve chegar mesmo em 2100) as pessoas falem de uma Nova Ordem Mundial. Estas três palavras são muito representativas do signo de Aquário.

Aquário é o signo do Novo: Quando rompemos com uma estrutura desagradável e obsoleta estamos agindo de maneira aquariana. Aquário é mesmo o signo do NOVO. Uma das grandes qualidades de Aquário é achar soluções onde antes não havia. Suas soluções, no entanto, costumam visar o bem de uma comunidade. O "NOVO" que vem para mudar completamente o estado anterior.

Aquário é o signo da Ordem: Com tanto maluquete aquariano por aí a gente até esquece que Aquário é regido por Saturno também. Urano pode ser o regente que inspira tudo o que há de original neste signo, mas é Saturno que inspira tudo o que há de implacável também. Em Capricórnio, Saturno inspira a disciplina e paciência para construir um futuro confortável a partir de um presente sacrificado. Em Aquário, Saturno propõe o sacrifício do indivíduo em nome da coletividade. Não se trata somente de algo temporário, mas de uma abnegação em nome do coletivo. A própria democracia propõe isso: no fundo ela é a "ditadura da maioria".

Aquário é o signo do Mundial: Quando uma mudança aquariana acontece, normalmente ela vai longe. Temos aí o exemplo da internet - que é a CARA de Aquário - e o que ela fez com o mundo. O telefone celular, o DVD, tv digital, tudo isso são mudanças que aconteceram quando Urano achou seu domicílio em Aquário, lá em 1996. Podem observar: desde o magnata até o faxineiro da empresa - todo mundo tem celular.

Um dos motivos de ter feito esta matéria foi entrar em contato com o movimento Zeitgeist Addendum. Quem tiver inglês o bastante para entender os objetivos do movimento vai ver que suas propostas são MUITO aquarianas. Inclusive a crença de que o homem é fruto do meio também está lá - da maneira aquariana. O movimento acredita que só existem crimes porque nossa sociedade está doente. Como tudo o que é "Aquário demais", ele ignora o indivíduo (que é representado pelo signo oposto a Aquário, Leão). As escolhas, os desvios de personalidade, a ética e a falta dela são fatores calculáveis para quem tem uma mentalidade aquariana. Esta crença de que qualquer indivíduo vai responder de maneira previsível quando inserido em um ambiente controlado é o calcanhar de Aquiles do pensamento aquariano. Foi onde o comunismo falhou e também é o motivo para a vida curta dos modismos. As pessoas se sentem muito mais confortáveis quando estão bem adaptadas em uma sociedade até o ponto em que "desaparecem" nela. É justamente esse o ponto de virada, quando as pessoas são capazes de qualquer besteira para recuperarem sua identidade. A grande ironia é essa: lutar estabanadamente pela identidade também é uma característica aquariana.

A sede do Projeto Vênus fica em Vênus mesmo. Venus, Flórida - Estados Unidos.

Uma das aplicações práticas do movimento Zeitgeist toma forma no Projeto Vênus. Ironicamente, estudando as origens deste projeto, ele parece ter nascido de uma revisão sob um ponto de vista original (Aquário) de nossos valores (Vênus). Nada é por acaso. Aquário faz quadratura com Touro, signo regido por Vênus e que simboliza nossa relação com bens materiais. O Projeto Vênus tem entre suas propostas o boicote (Aquário, regido por Saturno) às instituições financeiras (Touro, regido por Vênus). A quadratura propõe perdas mesmo. Ela indica a impossibilidade de convivência pacífica.

Bem... Ainda temos uns 90 anos para lidar com este resto de Era de Peixes que nos promete alguns aborrecimentos ligados a seu elemento, Água. Estes assuntos vão ter que ser bem resolvidos até passarmos de Era - pelo menos com média 5,0.


Há muito tempo estamos falando do advento da Era de Aquário. Mas agora que ela está realmente se aproximando, talvez valha a pena olhar para trás e ver se a Era de Peixes, que tem seu grande símbolo na filosofia de vida proposta por Jesus Cristo, conseguiu torcer o mundo à sua maneira. O mais provável é que uma Era não se faça sozinha. Ela nos faz propostas interessantes em cada um de seus ciclos. Cabe a nós tirar o melhor proveito delas.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

O signo do Salvador

Apesar de saber que Jesus jamais poderia ter nascido em 25 de dezembro – pois ninguém poderia comparecer à Belém para o censo debaixo de neve – o signo de Jesus é arbitrado como sendo Capricórnio mesmo. Resolvi viajar um pouco mais neste assunto.

O senso de dever acima de tudo, a obediência ao pai e a posição de Mestre que trata seus discípulos como iguais deu ao signo de Capricórnio este belo arquétipo do Salvador. A própria figura de Jesus serve mesmo como um arquétipo de busca e de autoridade que se sobrepõe ao poder. Capricórnio é o signo de quem sabe como fazer o que é certo, mas nem sempre é o signo de quem tem o poder de fato para concretizar suas idéias. Capricórnio geralmente é subjugado pelo poder. Escorpião, signo do poder de fato, está na casa onze, a casa da comunidade. A História nos conta que, no caso de Jesus, o poder foi representado pela massa. Pôncio Pilatos, o poder instituído, lavou as mãos. Foi o povo que gritou “crucifica-o”.

Apesar de ter causado uma tremenda revolução, Jesus nunca quis mudar a Lei, mas voltar às origens da Lei. Foi essa questão que nos deixou claro que Jesus não teve nada de Aquário neste sentido. Jesus foi o que simplificou a Lei ao máximo dizendo que todos os mandamentos poderiam ser resumidos em sua estrutura: o amor. “Ama a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo.” Nada disso era novidade – tudo isso já estava escrito. Foram a burocracia, a hierarquia, o amor pelo poder que começaram a desvirtuar o objetivo da religião. Jesus só veio lembrar como a Lei sempre foi.

Por isso Capricórnio sofre tanto. É inevitável que as pessoas tentem transgredir as leis que já estão feitas e mudá-las ao sabor das circunstâncias e de seus próprios interesses. Capricórnio sempre vai lembrar que, apesar de dura, a Lei é a Lei. Isso incomoda muito mais do que podemos imaginar. Basta ver o exemplo de Jesus.

Casa um (ego, individualidade): Capricórnio. Por vir depois de Sagitário, que sonha e idealiza, Capricórnio é o signo que realiza. Ele é aquele que diz o que é e o que não é possível fazer. No caso de Jesus, ele demonstrou como a fé pode curar, multiplicar pães e peixes. Enquanto existe um sonho de Deus, Jesus chegou no mundo e mostrou que o sonho é possível. Para a desgraça dos religiosos da época, Jesus mostrou que seguir os religiosos com poder instituído era mais difícil do que andar sobre as águas. Eles inventavam regras que eles mesmos não eram capazes de seguir.

Casa dois (os recursos e talentos naturais): Aquário. Agora sim, estamos falando de uma revolução. A revolução que Capricórnio promove é trazendo as leis como elas deveriam ser e procurando sempre ver a estrutura por trás de todas as exceções. Como Aquário rege grupos de amigos, não somente um ou dois, Jesus tinha nada menos do que doze companheiros e mais alguns inúmeros seguidores informais. Ele não tinha nenhum favorito entre eles (não importa o que você leu em “O Código DaVinci”). Aquário é sobre mostrar que todos os homens são igualmente importantes. Além do mais, seus recursos eram incomuns. Não tinha casa e só tinha um manto. Este único manto, porém, era tão bom que ninguém quis rasgá-lo quando Jesus foi crucificado.

Casa três (a comunicação e aprendizado): Peixes. O próprio símbolo do cristianismo. O signo de Peixes também é considerado como um possível signo para designar Jesus, mas ele designa muito melhor a maneira como Jesus falava. Falar por parábolas, por pequenas histórias, de maneira artística era muito eficiente. O objetivo final desta maneira de falar era tornar o conhecimento e a compreensão acessível a todos que o ouvissem. A parte interessante das parábolas é que seu significado pode permanecer oculto mas elas não são esquecidas. Uma pessoa pode ler uma parábola ainda criança e só vai compreendê-la na idade adulta. Capricornianos nem sempre são tão felizes em suas comunicações e aprendizados. Muitas vezes seu discurso pode parecer ilógico. Seus objetivos são grandes demais para serem aprisionados por palavras. Muitos capricornianos são excelentes artistas porque a forma abstrata é a forma mais segura de passar sua mensagem tão séria.

Casa quatro (a infância, família e sua personalidade na intimidade): Áries. “No princípio era o verbo, e o verbo se fez carne e habitou entre nós.” Isso é muito Áries na quatro. A origem de Jesus é uma ação, uma decisão de trazer a humanidade para mais perto de seu Criador. Ele já veio ao mundo com uma missão. Sua missão existia antes mesmo de ele nascer. Muitos capricornianos passam por isso. Seus pais já têm grandes expectativas para ele quando o pobrezinho ainda nem tem dentes. O peso desta responsabilidade, desta missão é que faz com que o pequeno capricorniano cresça tão exigente consigo mesmo. A vontade de seus pais é sempre mais forte que ele mesmo.

Casa cinco (os filhos e formas de expressão): Touro. A casa cinco indica sua arte, sua maneira de se expressar. Qualquer capricorniano se expressa com segurança. Sua arte é a autoridade nos assuntos que resolve discutir. A casa cinco pode muito bem ser simbolizar uma boa conversa, daquelas em que as melhores idéias podem surgir entre bons amigos. Capricórnio é sempre o sujeito que fala algo decisivo, que tem a melhor noção de como as coisas são. Jesus era procurado por muitas pessoas somente para conversar. Sua conversa trazia segurança. De outro ponto de vista, Capricórnio precisa ter uma atividade qualquer para usar suas mãos e deixar sua mente livre para seus projetos. Jesus, por exemplo, era carpinteiro.

Casa seis (trabalho, limpeza e rotina): Gêmeos. Não há dúvida que a “profissão” que Jesus escolheu foi espalhar a Palavra. Ele era um Mestre, e por isso comunicava-se o tempo todo. Gêmeos também é um signo ligado à cura (regido por Mercúrio). Aqui temos Gêmeos na casa seis, casa de Virgem – signo também regido por Mercúrio – que rege a saúde. Capricornianos podem ser excelentes enfermeiros ou médicos. Eles costumam mesmo ter um trabalho sacrificado e abrem mão de sua vida para ajudar a outros. Com Gêmeos na casa seis capricornianos podem ficar doentes quando “pensam demais” ou uma questão desafia seu intelecto. Jesus suou sangue quando ficou só com seus pensamentos antes de ser capturado.

Casa sete (relacionamentos, o que aprende com o outro e sombra): Câncer. A casa sete fala do que temos dificuldade em expressar. A questão da família é delicada quando de trata de Jesus. “Minha família são os que me seguem.” E Maria, sua mãe? Seu pai, José? Capricornianos também se sentem muito irritados quando sentem que as pessoas estão dependendo deles ou quando sente que precisa de alguém. A casa sete pode ser considerada como a casa que nos faz perder as estribeiras. Jesus xingou um bocado quando viu que haviam feito da “casa de seu Pai” um “covil de ladrões”.

Casa oito (crises, transformações e relações com o poder): Leão. Seu problema com as autoridades é que Jesus era chamado de Rei dos Judeus. Na verdade, colocaram uma placa de “Jesus Nazareno Rei dos Judeus” em sua cruz como uma chacota. A casa oito pode ser considerada a casa de muitos tipos de morte. No caso de Jesus foi mesmo sua majestade verdadeira que o levou à cruz – para ressuscitar depois. A casa oito é a casa do renascimento. Muitos capricornianos sofrem quando expressam seu verdadeiro brilho e arte (talento de Leão). Expressar seu ego pode trazer muitos problemas, por isso a maioria prefere manter-se contida. A maioria das crises é causada por inveja. Quanto mais Capricórnio tem poder, mais brilha. Por isso o poder (assunto de casa oito) é tão complicado para Capricórnio. Ele precisa entender demais dos seus assuntos pois nunca faltará quem queira testar seus conhecimentos e sua autoridade.

Casa nove (religiosidade, maneira como se torna um mestre, visão de mundo e de leis): Virgem. O centro de todo o ensinamento de Jesus era “servir”. Ele chegou a lavar os pés de seus discípulos. Virgem é o signo da humildade. Por outro lado, Jesus acabou com a noção de que religião é algo para ser praticado nos dias santos. A religiosidade deve ser vivida todos os dias e todas as horas. Sua filosofia (casa nove) deve ser praticada em seu dia-a-dia com suas atitudes da maneira mais simples e sincera possível. Capricornianos costumam praticar o que acreditam. É difícil que um capricorniano tenha uma filosofia e aja de maneira incoerente com suas crenças. A casa nove também rege as viagens. Desde que começou seu Ministério, as viagens (casa nove)foram rotina (Virgem) para Jesus. Capricornianos também são conhecidos por suas constantes viagens a trabalho, todas curtinhas e muito cansativas.

Casa dez (trabalho e paternidade): Libra. Este é o signo da harmonia, do equilíbrio e da justiça. Todo capricorniano vai colocar como maior objetivo de sua vida ser justo e imparcial. Quanto a Jesus, seu discurso era que não há ninguém que esteja além da salvação. O Reino dos Céus está lá para todos. Certamente a tarefa maior de Jesus era algo que tem muito a ver com Libra: promover a aproximação aos que estavam separados. Foi através de Jesus que Deus chegou mais perto de nós. Não é mais preciso um cerimonial nem sacrifícios para falar com nosso Criador.

Casa onze (como se relaciona com a sociedade e grupos de amigos): Escorpião. Onde quer que o signo de Escorpião esteja, ele fará mudanças. As pessoas que Jesus chamou nunca mais foram as mesmas. Alguns mudaram seus próprios nomes. Como foi mencionado no começo da matéria, Escorpião também traz crises e poder que pode massacrar. A casa onze é a casa das massas. “Crucificai-o!”. É muito comum que capricornianos se sintam “destruídos” pelo que a sociedade fala ou pensa dele. Sua reputação é tudo.

Casa doze (por trás da personalidade, o que é difícil de fazer): Sagitário. Ficava difícil para Jesus explicar que, por trás de sua aparência comum estava o Messias, filho de Deus. Ele sofreu muito por ser exatamente tão mais do que aparentava. Capricórnio raramente percebe como pode ser exagerado, como seus planos grandiosos podem sair de seu controle e ganhar proporções gigantescas. Jesus contava com isso por conta de uma profecia. Por trás de sua personalidade estava um plano divino, a salvação do mundo inteiro – todas as gerações que viriam – enquanto ele tinha a aparência e a saúde e força física de um simples homem.

Esta é mais uma tentativa de “humanizar” para compreender. A Astrologia também tem essa função de simplificar um pouco demais para ajudar a compreensão. Trata-se apenas de observar uma pequena porção de algo maior na tentativa de entender o todo. Espero não ter ofendido, nem envaidecido ninguém mais do que o necessário. Delirar, às vezes, é preciso. Caso tenha ofendido alguém eu peço desculpas e “Paz na Terra” a quem tem a divina “Boa Vontade.”

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Símbolos Astrológicos

Toda vez que eu explico algum mapa astral, vou apontando para os glifos. Só que a maioria das pessoas não faz a menor idéia do que aqueles rabiscos significam. Porque é que eu desenho um “H” com um risco em cima em vez de escrever “SATURNO” como uma pessoa normal?

Segundo o dicionário, um símbolo representa, substitui algo. É uma representação que evoca um significado, um sentimento. Um símbolo pode simplesmente invocar uma sensação que vai além das palavras. Quando eu aprendi o significado dos símbolos astrológicos com Vanessa Tuleski, eles pareciam resumir em um rabisco o que eu escrevia por umas seis páginas de caderno. Depois que as seis páginas da aula já estavam escritas, o símbolo parecia fácil de desenhar.

Sem motivo nenhum, eu resolvi desenhar uma versão tridimensional dos glifos. Redesenhá-los em 3D pareceu uma maneira de revisitá-los. Além do mais, eu já havia me acostumado demais com estes símbolos e deixei de ver seu significado. Passaram a ser somente outras letras. Como não faziam parte de nenhum projeto, fui redesenhando os danadinhos conforme me dava na telha.

Em meu retorno ao mundo dos símbolos, os três elementos mais presentes nos glifos dos planetas ficaram assim:


Plenitude – O círculo significa algo sem começo nem fim. Em um desenho tridimensional ele é uma esfera, como um planeta. O tempo e a gravidade já agiram. Todas as arestas já foram aparadas e a esfera é igual quando vista por todos os ângulos. Não há nada para tirar ou pôr. O círculo, ou a esfera, significam nosso espírito, nossa essência, o divino.


Matéria – A cruz da matéria significa a concretização. Eu não pude tirar da minha cabeça a imagem de um moinho. Essa interpretação foi pessoal, mas toda vez que algo é moído, ele se torna mais próprio para a utilização. Eu fui ainda mais longe e lembrei de Don Quixote, o grande sonhador que atacava moinhos. A realidade, o concreto eram seu verdadeiro inimigo. É claro que eu posso ter ido longe demais, mas tudo bem...


Receptividade – O semicírculo pode significar parte de algo muito maior – grande demais para que possamos ver. Ele também pode significar um canal aberto, uma antena, um receptáculo para conter e transmitir o que foi recebido. O desenho tridimensional lembra uma antena parabólica ou uma tigelinha. A maioria dos glifos é uma combinação destes três símbolos primários.


O Sol - Uma esfera dentro de outra esfera. Algo pleno inserido em outra plenitude. Uma fruta que carrega uma semente que um dia será outra fruta. O signo solar (que descobrimos pelo nosso aniversário) representa nosso ego, nossa identidade. O ser humano trabalha para aperfeiçoar sua imagem e sua essência. Uma é reflexo da outra. O Sol gera luz que nos dá vida. A luz que ele gera propaga-se formando uma outra esfera de luz. O ser humano tem uma aura que irradia como luz. Este símbolo representa um ego perfeito, resolvido. A esfera interior é semelhante à exterior. Ela pode remeter à nossa semelhança com o divino. Somos um pequeno universo, contido em um universo maior, dentro de outro maior e temos ainda universos menores dentro de nós. Assim como o círculo, este glifo lembra a eternidade, algo sem começo nem fim.

A Lua - São dois semicírculos indicando uma imensa receptividade. Ela precisa da luz do Sol para brilhar. A Lua também parece estar incompleta, mas é bom lembrar que este é o lado escuro. A Lua não mostra sua outra face para ninguém. Esta nem parece estar lá. Assim, a Lua continua parecendo incompleta, precisando ser preenchida. O signo lunar indica nossa resposta emocional ao mundo e nossas necessidades. Estas necessidades não podem ser satisfeitas plenamente porque são simplesmente nosso padrão emocional. Quem tem Lua em Touro não se cansa de objetos bonitos e comida gostosa. Quem tem Lua em Escorpião nunca vai se cansar de instigar os outros e procurar desvendar segredos. Apesar das aparências, não há nenhum pedaço faltando na Lua. Mas quem a vê, tão “incompleta”, vai negar o que ela pede? A Lua representa o que queremos receber. Alguém precisa se comover em nos ver “incompletos”. A Lua é a parte em nós que diz: “Eu não me basto. Não quero estar só.”

Mercúrio – Os três símbolos primários estão presentes nesse glifo. Ele mostra bem a receptividade com o que vem do alto – o divino. Mercúrio era o mensageiro dos deuses. A mensagem divina é recebida, traduzida e aperfeiçoada (esfera) para só depois ser propagada. Mercúrio representa nossa maneira de aprender e comunicar o que aprendemos, mas também representa nossa maneira de ouvir. Existem muitas áreas na nossa vida influenciadas por Mercúrio. A esfera deste glifo indica o momento em que “aperfeiçoamos” o que recebemos para depois transmitir ao mundo. Ele mostra nossa maneira de adaptar sem que uma transformação seja necessária. Basta dar tempo para a esfera trabalhar antes que o moinho espalhe a mensagem.

Vênus – A cruz da matéria fica bem abaixo do círculo da plenitude. No glifo tridimensional eu escolhi um pino ou eixo como se fosse fixar a plenitude na terra. Vênus inspira a concretização do que é divino, seja na arte ou nos relacionamentos. O espírito, o pleno, está acima da matéria – mas é possível materializar o divino. Pelo menos, Vênus nos inspira a pensar assim. Para as mulheres, Vênus significa a maneira de expressar a feminilidade. Para os homens, Vênus significa o ideal no sexo oposto. Em ambos os sexos, Vênus indica o significado de valor. Quais são as qualidades que mais nos aproximam do divino? Vênus responde a essa pergunta quando percebemos que temos em nós qualidades e talentos admiráveis.


Marte
– Marte e Vênus são símbolos muito parecidos. Enquanto a cruz da matéria fica abaixo do espírito em Vênus, Marte coloca a matéria – ou a seta, a lança – acima do espírito. Esta é a ação que não foi “elaborada”. Pode ser um ato impulsivo ou um ato reflexo. Existem situações em que só um ato reflexo pode resolver. Não adianta pensar em estratégias para segurar uma taça de cristal antes que ela atinja o chão. Ou você é ágil e rápido ou sua taça já se espatifou em mil pedacinhos. Aja, pense rápido ou o que você perdeu não vai ter volta. Nos homens Marte indica a identidade e nas mulheres, seu ideal masculino. Em ambos os sexos, Marte indica nosso padrão de agir para conquistar. Todos nós temos momentos em que a ação é mais rápida que o pensamento. Marte é nosso impulso para vencer, nossa ação crua.

Júpiter – O glifo, muito parecido com um “4”, traz um semicírculo e a cruz da matéria abaixo dele. Receber, aprender está acima de concretizar. Só que, assim como Saturno, a figura da foice é muito forte. Júpiter ou Zeus, precisou matar seu pai Cronus (Saturno) para não ser devorado. Assim que conseguiu o universo, dividiu entre seus irmãos. Júpiter é o primeiro planeta a ser chamado de “social”. Até aqui, os outros planetas influem na vida pessoal dos nativos. Júpiter influi na vida social e no comportamento social de pessoas da mesma idade. Júpiter fica aproximadamente um ano em cada signo. Júpiter influi no que entendemos como progresso, sorte, ética e diversão. Ele me lembra uma foice leve que nos permite colher os frutos que ficam nos galhos mais altos. Somos criaturas abençoadas. Só precisamos ficar atentos aos presentes que o divino nos dá.



Saturno
– Assim como Júpiter, este glifo remete a algo concreto. Pode ser o famigerado “h” com o traço em cima ou mais uma foice. Cronus, ou Saturno, também usou uma foice contra o próprio pai. Ele precisou castrar Urano que reproduzia desordenadamente, pondo fim ao caos. O ato pavoroso de Saturno foi necessário. Saturno representa o contrário de Júpiter. A cruz da matéria está acima de um semicírculo voltado para o chão. Saturno concretiza usando os recursos que tem, sem receber ajuda de ninguém. Saturno me remete a uma foice pesada, difícil de manejar. O trabalho é árduo, mas ele é o que é. Precisa ser feito mesmo que ele seja sua própria recompensa. A foice de Saturno faz a mão calejar e torna nossos braços mais fortes. Saturno também é um planeta social, ficando quase dois anos em cada signo. Ele nos indica talentos que não temos, mas que vamos precisar desenvolver por esforço próprio e sem ajuda. Antes de Plutão ser descoberto, Saturno era o planeta que representava a morte. Hoje sabemos que Saturno representa tudo aquilo que não nos mata, mas nos torna mais fortes.

Urano – A cruz da matéria fica entre dois semicírculos. A plenitude fica abaixo dos dois. Urano representa o que recebemos da sociedade, de nossos pares. Tudo o que concretizamos juntos nos tornará pessoas mais plenas e perfeitas. A perfeição se atinge com comunicação e trabalho em conjunto. Urano fica sete anos em cada signo. Ele influi em gerações e no comportamento dos jovens. Ele indica o que aquela geração irá revolucionar e quais surpresas aquele período de tempo em que ele está em determinado signo vai trazer. A plenitude é possível, é só estar “antenado” com sua geração e saber traduzir o que ela pede.


Netuno
– Símbolo óbvio do tridente de Netuno, regente dos mares. Assim como as foices de Júpiter e Saturno, o glifo é aparentemente limitado em seu significado por remeter imediatamente a algo concreto. Mas, olhando novamente, temos setas ou lanças como em Marte e a cruz da matéria no cabo do tridente. Olhando com mais cuidado vamos perceber que há um semicírculo desenhado na base das lanças. Ele tenta desesperadamente chegar ao divino, mas a cruz da matéria o lembra de sua humanidade. O traço no cabo do tridente também mostra um limite seguro. A mão não deve ir longe demais no cabo, assim como a obsessão em se tornar divino pode transformar a imaginação em loucura. Netuno fica cerca de 14 anos em cada signo. Ele vai determinar o padrão estético e sonhos de uma geração. Pessoalmente ele indica onde temos as maiores expectativas sobre nós mesmos. Todos nós sonhamos em ser presidente, topmodel, super-herói e todos nós temos nossos delírios. Netuno indica nossos sonhos de grandeza, mas pode indicar nossa dificuldade em lidar com o mundo real e nossa frustração com os limites da realidade.


Plutão
– Em um glifo muito parecido com o de Mercúrio, Plutão traz uma diferença crucial. A plenitude está no receptáculo. Em Plutão, chegamos muito mais perto do divino do que jamais estivemos. Plutão tem uma órbita diferente dos outros planetas. Ele fica 12 anos em Libra e Escorpião e chega a ficar 32 anos em Touro. Este astro (agora, um planeta-anão) influi em gerações. Ele trará assuntos à tona que precisam ser discutidos, mas são desagradáveis demais para que a sociedade o faça por vontade própria. Plutão influi pessoalmente nas obsessões que todos nós temos mas não gostamos de comentar. Ele também é o astro das crises e conflitos inesperados. A influência de Plutão nos transforma de maneira irreversível. Ninguém se sente tão perto do divino como quando tem que lidar com crises. Este planeta-anão (menor do que a Lua) nos lembra que o limite entre a matéria e o espírito é tênue. Ele também remete a uma mensagem tão clara do divino que a concretização será imprevisível, diferente de tudo o que materializamos antes, porque elaborávamos depois de receber a mensagem. Em Plutão a mensagem já vem elaborada do plano superior. Já não há mais tempo para aperfeiçoar. Estamos limitados por um poder maior.

Eris, o novo planeta, ainda não foi estudado o suficiente para ter um símbolo definitivo e mostrar suas características na Terra. Mas é questão de tempo. Estou de olho e publico qualquer novidade que encontrar.

Beijos.